No terceiro capítulo da série sobre o PMBOK, o tema abordado é o Gerenciamento de Riscos. No cenário atual, com a alta competitividade, tecnologia avançada e duras restrições econômicas, o risco assumiu proporções significativamente maiores. Isso se reflete diretamente no Gerenciamento de Obras, pois os riscos podem afetar a capacidade do produto ou resultado previsto no projeto em termos de atendimento dos requisitos de qualidade ou de desempenho esperados. "Pode gerar gastos adicionais ao orçamento do projeto ou levar a atrasos de cronograma, dentre outros impactos", explica Flávio Feitosa Costa, professor do MBA Gestão de Projetos do Ibmec/DF.
De acordo com Costa, o dimensionamento dos riscos pode ser qualitativo, baseado no julgamento, intuição e na experiência em estimar probabilidades de ocorrência de potenciais riscos e medir a intensidade de perdas potenciais. Ou pode ser quantitativo, quando se tenta atribuir valores monetários à totalidade dos danos e às ações de proteção. "Este último método é mais complexo e baseia-se em técnicas de analise de dados e, consequentemente, demanda recurso especializado, tempo e investimento para ser executado", alerta.
Para minimizar os riscos, é preciso desenvolver opções e determinar ações para ampliar oportunidades e reduzir ameaças aos objetivos do projeto. Isso pode ser feito por meio do planejamento de respostas a riscos, onde se aborda os riscos de acordo com a sua prioridade, inserindo recursos e atividades no orçamento, cronograma e plano de gerenciamento de projetos e obras, conforme necessário.
Fazem parte do gerenciamento de riscos de um projeto os seguintes processos:
- Planejamento do gerenciamento de riscos;
- Identificação de riscos;
- Análise qualitativa de riscos;
- Análise quantitativa de riscos;
- Planejamento de respostas a riscos;
- Monitoramento e Controle de Riscos.
"Nós lidamos com riscos todos os dias nos nossos projetos, por isso, devemos encarar seu tratamento como uma ação contínua, com uma abordagem proativa, pois é melhor prevenir que remediar", finaliza Costa.
É Importante ressaltar que os riscos estão relacionados com as demais áreas de conhecimento e devem ser tratados de forma integrada, considerando as melhores práticas de cada área. Os riscos podem ser:
- Conhecidos - foram identificados, analisados e considerados no planejamento do projeto, ou;
- Desconhecidos - nesse caso, quando o evento ocorre, temos um problema ou questão para o projeto (Issues), que deve ser resolvido com agilidade.
Seja qual for o tipo de risco, o Gestor de Projetos deve realizar as devidas ações corretivas, identificar as causas, e tomar ações preventivas para que o problema não ocorra novamente. E, ainda, deve documentar todas as decisões tomadas, notificar os responsáveis e garantir seu comprometimento na resolução do mesmo.
Mas nem sempre os gestores estão preparados para enfrentar o problema com eficácia. A seguir, conheça as 8 falhas mais comuns relacionadas ao gerenciamento de riscos.
1) Ignorar ou subestimar a gestão de riscos
Essa é a primeira falha que merece ser citada em relação ao gerenciamento de riscos no decorrer de um projeto. Esta área de conhecimento irá garantir que você, como gestor de projetos, tenha um plano prévio para agir em cada problema que ocorrer, ou, pelo menos, para a maior e mais relevante parte dos problemas. Gestão de riscos reduz incertezas e garante previsões adequadas.
2) Escolha do método inadequado
O método de gestão dos riscos, tal como as variáveis que serão utilizadas, padrões, ferramentas, todos estes aspectos deverão ser definidos de acordo com o escopo e natureza de seu projeto. A escolha de método/ferramenta inadequado irá resultar em excesso, escassez ou simplesmente incoerência no tratamento de riscos adotado.
3) Registro de riscos em excesso
Riscos devem ser levados em pauta para reuniões e registrados sempre que for notado que o evento tem uma probabilidade significante de ocorrer. Situações inusitadas dentro do contexto de um projeto não devem ser levadas em conta no tratamento de riscos. Em outras palavras, não devemos registrar, por exemplo, um risco de 100 dos 120 membros da equipe adoecerem simultaneamente. A probabilidade disto acontecer é muito baixa. Preserve a qualidade de sua lista de riscos, até porque, contra um evento extremo, não haverá tratamento viável.
4) Tratar riscos em excesso
Esta é uma falha parecida com a do item 3. Aqui, entretanto, o gestor de projetos, normalmente inexperiente, considera que quanto maior quantidade de riscos tratar, melhor. Parece fazer sentido a princípio, mas riscos devem ser tratados apenas quando o custo/esforço de tratamento não excede o prejuízo do evento, levando em conta seu impacto e probabilidade (ou/assim como, outras variáveis aplicáveis).
5) Gerenciar riscos apenas na fase de planejamento
Atividades de identificação, qualificação, quantificação e tratamento de riscos devem ser executadas durante todo o projeto e não apenas no planejamento. Riscos novos podem e devem ser detectados, assim como os antigos devem ser reavaliados, bem como suas respostas.
6) Limitar a gestão de riscos ao gerente de projetos
Riscos devem ser identificados, tratados e gerenciados com a participação de toda a equipe do projeto. Tais atividades não são realizadas efetivamente quando limitadas ao líder/gestor.
7) Considerar que o fato de conhecer eventos passados garante a prevenção de riscos futuros
Se o gestor do projeto tem experiência na área de atuação, isso não significa que ele pode dar menos atenção ou ignorar a área de conhecimento de riscos. O excesso de confiança pode atrapalhar.
8) Focar em riscos relacionados com restrições menos relevantes
Todo projeto possui restrições, mas se o cronograma do seu projeto está, por exemplo, com folga de 50% em relação à restrição de tempo, isso significa que focar em riscos que atrasam o cronograma pode ser menos relevante do que tratar riscos para custos ou escopo. Levar as restrições em consideração é essencial para a escolha dos riscos que devem ser tratados com prioridade.