Na Universidade Técnica de Dresden, na Alemanha, são desenvolvidas diversas pesquisas com o concreto, que utiliza malhas de carbono no lugar de vigas de ferro em sua estrutura. O material, já utilizado em artefatos não-estruturais (placas de concreto para acabamento, elementos pré-moldados não estruturais, entre outros), atingiu um nível de segurança que permite sua utilização em projetos estruturais, como pontes para veículos leves, passarelas e na recuperação de grandes estruturas.
A Universidade Técnica de Dresden começou a testar esta tecnologia em edificações, com a aplicação em fachadas - substituindo elementos de aço e alumínio, por exemplo. Para os pesquisadores de Dresden, em no máximo 50 anos, o concreto com malha de carbono será dominante em praticamente todas as construções que se possa empreender.
Manfred Curbach, pesquisador da Universidade Técnica de Dresden, que está à frente dos estudos com concreto de carbono, assegura que, comprovada a resistência do material, é possível afirmar que o concreto com malha de carbono irá revolucionar a construção civil neste século. "Estamos falando de um material que pode durar 200 anos ou mais, em conformidade com os princípios mais rigorosos de sustentabilidade, e que vai permitir projetos arquitetônicos até então inimagináveis, como prédios com estruturas curvas e superesbeltas", prevê.
Mas não é a construção de edifícios que o concreto de carbono quer priorizar. Para Curbach, as pontes e viadutos são as obras que mais irão se beneficiar do material. "Com esse produto, esqueça o que sabemos hoje sobre construções de pontes. O concreto de carbono vai transferir integralmente os projetos de pontes e viadutos para indústrias de pré-fabricados. As peças sairão prontas das fábricas e serão montadas no local", garante. Por permitir elementos estruturais mais leves, não serão necessários guindastes pesados nem grandes estruturas de canteiro de obra. Podendo, inclusive, permitir pontes e viadutos com vãos maiores, sem risco de colapso.
Com o intuito de promover ainda mais a pesquisa e o desenvolvimento do material composto de fibra de carbono, juntamente com o concreto de alto desempenho, a Universidade Técnica de Dresden já conta com 130 parceiros em todo o mundo. O consórcio é conhecido como C3 - Carbonbeton. Há várias frentes atuando dentro do projeto. Uma delas testa a condutividade térmica e elétrica das malhas de carbono.
O objetivo é criar paredes que possam conduzir energia elétrica até os terminais, sem a necessidade de que fios e conduítes tenham que percorrer suas estruturas. Essa tecnologia, desde que se torne viável, mudaria também o cenário das cidades. Os pesquisadores anteveem postes inteligentes, capazes de iluminar e transmitir dados sem a necessidade de fios elétricos.
Da mesma forma, pontos de ônibus interligados a placas de captação de energia solar funcionariam como minicentrais de dados. "O concreto de carbono permitirá criar um mobiliário urbano inteligente. Estamos a caminho de novas possibilidades", diz a professora-doutora Sandra Gelbrich, da Universidade Técnica de Chemnitz - também na Alemanha -, e que cuida deste segmento da pesquisa que abrange o concreto de carbono.
Link para o vídeo: http://p.dw.com/p/1IE1t
Entrevistados
Doutores em Engenharia Manfred Curbach, da Universidade Técnica de Dresden, e Sandra Gelbrich, da Universidade Técnica de Chemnitz
Contatos
Manfred.Curbach@tu-dresden.de
sandra.gelbrich@mb.tu-chemnitz.de
Créditos Fotos:
Divulgação/Ulrich van Stipriaan/TU Dresden